A pianista do andar de baixo
prossegue com seu dlém-dlém crepuscular...
Imagino-a com cabelos embaraçados
presos por grampos
um copo de vodka por terminar
e uma mala de roupas a passar.
Uma campainha interrompe as notas quebradas:
com seus olhos entumescidos ela abre a porta, despacha
o entregador de pizza, e volta a se sentar no banquinho.
(Calculo a duração de tal pausa.)
Quando pelo ar vem junto com acordes novos
um cortante sopro de desespero e lágrimas.
Logo, sua recompensa digestiva silenciará os corredores
e o prédio dormirá em paz;
Mas ao amanhecer, avistaremos,
perplexos,
uma embalagem de papelão e uma garrafa vazia
nas mãos de um elegante rapaz de barba azulada.
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